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MARANHÃO ÀS SOMBRAS

De um lado, o Carnaval movimentado de São Luís;
do outro, estradas destruídas e cidades do interior vazias.




Março se inicia com a tradicional festa do Carnaval, mas, no Maranhão, um estado castigado pelas chuvas, os sinais de abandono e descaso são evidentes. Os R$ 922 milhões anunciados pelo Ministro dos Transportes, Renan Filho, em julho de 2023, para construção e manutenção de rodovias no estado, parecem não ter sido suficientes para evitar o caos na infraestrutura.


A federalização da MA-006, que liga Balsas a Tasso Fragoso, e a assinatura da ordem de serviço para melhorias na BR-135/MA não impediram os protestos que tomaram conta da rodovia no dia 17 de fevereiro de 2025, quando populares interditaram o km 3, na Vila Funil, na saída de São Luís, em repúdio às condições precárias da estrada.

Seria cômico, se não fosse trágico. A situação das pontes e rodovias maranhenses está em estado crítico, refletindo no cotidiano dos cidadãos. No município de Estreito, o desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek, que cruza o Rio Tocantins na BR-010 (Belém-Brasília), agravou ainda mais o cenário. No entanto, os afetados ainda aguardam medidas efetivas do governo estadual e federal, sem qualquer suporte econômico significativo.

Na BR-316, a ponte sobre o Rio Pindaré, entre Santa Inês e Bom Jardim, foi interditada no último dia 3, evidenciando o descaso com a infraestrutura viária. Segundo um levantamento da Folha de São Paulo, o Maranhão possui 25 pontes em péssimas condições.

A precariedade também atinge a Avenida Ferreira Gullar, onde o Poder Judiciário do Maranhão condenou o estado a reformar as pontes da via, após decisão do juiz Douglas de Melo Martins, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís. A sentença, datada de 11 de novembro de 2024, atendeu a uma ação do Ministério Público e determinou que o governo apresentasse um cronograma da obra em 90 dias.

A decisão judicial reforça a necessidade de integrar a política de mobilidade urbana ao desenvolvimento do estado, conforme estabelece o Plano Nacional de Mobilidade Urbana (Lei Federal nº 12.587/2012). A legislação enfatiza princípios como segurança, eficiência e acessibilidade, elementos que, claramente, não fazem parte da realidade maranhense.

Crise Econômica e Reflexos no Maranhão

Os impactos da má gestão já são sentidos diretamente na economia local. Em Estreito, comerciantes, prestadores de serviço e pequenos empreendedores enfrentam prejuízos, já que a cidade depende da circulação de visitantes, turistas e profissionais que antes frequentavam a região.

O cenário econômico do Maranhão é alarmante. Com mais de 7 milhões de habitantes, apenas 12,8% estão empregados. O setor público absorve 4,6% dessa força de trabalho, enquanto o setor privado emprega somente 1,78% da população, revelando a falta de oportunidades e a forte dependência do assistencialismo governamental.

Diante desse contexto, os maranhenses têm poucos motivos para festejar sob a administração de Carlos Brandão.

O Carnaval Esvaziado: Reflexo de uma Crise Maior?

Cidades que já ostentaram o título de "maiores carnavais do estado", como Barra do Corda, Pinheiro e Itapecuru, registraram corredores da folia vazios em 2025. O desânimo pode ser atribuído a diversos fatores, como:

·                    Crise econômica que limita os gastos da população com lazer;

·                    Programações pouco atrativas e desorganizadas;

·                    Preocupação com a segurança pública;

·                    Descontentamento com a gestão estadual.

A falta de engajamento nos festejos de Carnaval pode indicar uma mudança no comportamento da população, seja por questões financeiras ou por uma transformação cultural em relação à festa.

No entanto, um fator chama atenção: o esvaziamento do interior contrasta com a grandiosidade do Carnaval em São Luís. A capital, que disputa o posto de melhor Carnaval do Maranhão, investiu pesado na folia, utilizando a estrutura pública para promover a festa.

A movimentação reforça a impressão de que os preparativos para as eleições de 2026 já começaram. Enquanto isso, o interior do estado amarga abandono, falta de infraestrutura e insegurança alimentar, realidade que atinge 56,4% dos lares maranhenses, segundo o Censo do IBGE.

A pergunta que fica é: o maranhense está deixando de celebrar o Carnaval por descontentamento com o governo e as precárias condições de vida? Ou estamos presenciando o uso do evento como plataforma política para futuros candidatos ao Palácio dos Leões?

No fim das contas, enquanto o governo promove festas, resta à população pagar a conta.


 

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